Respiração, Síndrome de Ehlers-Danlos e Transtorno do Espectro de Hipermobilidade: Entendendo os Desafios Respiratórios na Hipermobilidade"

Respirar é um ato tão vital quanto as batidas do coração. Para a maioria, isso ocorre sem pensar. No entanto, para aqueles de nós com Síndrome de Ehlers-Danlos (SED), Transtorno do Espectro de Hipermobilidade (TEH) , respirar pode ser uma jornada diária repleta de desafios. Como médica pediatra que vive com SED, e como paciente que já enfrentou crises respiratórias sérias, minha missão é esclarecer as complexidades dessa experiência tanto para famílias quanto para colegas de profissão.

Entendendo o Impacto da SED e do TEH na Respiração

A SED e o TEH afeta o tecido conjuntivo, um componente essencial que fornece suporte e estrutura ao nosso corpo. Essa condição pode manifestar-se de formas variadas, mas frequentemente inclui a fragilidade dos tecidos que compõem a estrutura torácica — costelas, esterno e coluna vertebral. Essas irregularidades podem comprometer a estabilidade necessária para uma respiração eficaz e sem dor.

Em particular, deformidades como pectus excavatum (uma depressão no centro do peito) e pectus carinatum (uma protuberância do esterno) não são apenas visuais; elas alteram a mecânica de como nossos pulmões se expandem e contraem, podendo diminuir nossa capacidade pulmonar e fazer cada respiração menos eficiente.

Além disso, a instabilidade das junções onde as costelas se encontram com a coluna vertebral (as junções costocondrais) pode provocar dor intensa, afetando negativamente a capacidade de respirar profundamente. E mais profundamente ainda, complicações na coluna cervical podem afetar os nervos que controlam o diafragma, essencial para puxar o ar para dentro dos pulmões.

Funcionalidade Comprometida: Quando Respirar Se Torna um Esforço

Distúrbios funcionais, como a apneia do sono obstrutiva e a disfunção da laringe, também são comuns na SED e no TEH. Estes problemas podem não apenas perturbar um sono reparador, mas também impor uma luta constante por ar fresco durante o dia. 

A disautonomia, outra comorbidade frequente, interfere ainda mais na capacidade do nosso corpo de gerenciar automaticamente a respiração, potencialmente levando a flutuações perigosas na frequência respiratória e na circulação.

A Jornada Médica e Diagnóstica

Como profissional que lida com essas questões diariamente, destaco a importância crítica de uma avaliação médica completa. A realização de espirometria e exames de imagem como radiografias do tórax podem revelar as peculiaridades de cada caso, guiando um tratamento mais personalizado e eficaz. Mas tão importante quanto os testes clínicos é ouvir os pacientes; suas experiências e descrições dos seus sintomas fornecem insights inestimáveis que os exames sozinhos muitas vezes não captam.

Educação, Empoderamento e Comunidade

Parte do tratamento para a SED e TEH envolve educar os pacientes e suas famílias sobre como monitorar e gerenciar os sintomas respiratórios. Aprendendo a identificar sinais de alerta e conhecendo quando procurar ajuda médica, podemos evitar crises e melhorar significativamente a qualidade de vida.

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Bibliografia:

Respiratory manifestations in the Ehlers-Danlos syndromes

A review of respiratory manifestations and their management in Ehlers-Danlos syndromes and hypermobility spectrum disorders



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