Hipermobilidade, você sabe o que é?


Hipermobilidade é a capacidade que uma articulação (ou um grupo de articulações) tem em se mover, passiva ou ativamente, além dos limites angulares considerados normais.

É uma característica física e individual, assim como a cor dos olhos e a cor dos cabelos. Há a possibilidade de ser:

  • genética;
  • adquirida (traumas, doença articular);
  • ou treinada (balé, por exemplo).

Está presente em uma boa parte da população pediátrica, em cerca de 45%, e tende a diminuir conforme envelhecemos.  É mais comum no sexo feminino.

truques ehlers danlos

Pode acometer uma articulação ou várias articulações, ou todas. São classificadas em hipermobilidade: 
  • generalizada;
  • regional;
  • localizada;
  • de extremidades.

Não é uma doença, mas oferece predisposição a muitos problemas de saúde, sendo a dor o mais conhecido deles.

Existe uma elevada associação a diversas doenças genéticas, principalmente as que acometem o tecido conjuntivo. Dentre elas, a mais comum é a Síndrome de Ehlers Danlos. 

Recentemente, houve mudanças na nomenclatura internacional com relação ao tema. O que era antes conhecido como síndrome da hipermobilidade articular ou síndrome articular benigna, a partir de 2017, foi denominado Transtorno do Espectro de Hipermobilidade.

O que é Transtorno do Espectro de Hipermobilidade?

De forma simplificada, quem não for Síndrome de Ehlers Danlos (SED) e apresentar hipermobilidade, chamamos Transtornos do Espectro de HipermobilidadeSíndrome de Ehlers Danlos mais comum é a hipermóvel. Esse tipo também está incluso nos Transtornos de Espectro de Hipermobilidade. 

Pessoas que apresentam hipermobilidade generalizada, regional, localizada ou de extremidades e que não apresentam doenças genéticas associadastambém estão incluídas nos Transtornos de Espectro de Hipermobilidade.

O que é Síndrome de Ehlers Danlos?

A SED merece um artigo só para ela. Resumidamente, são um grupo de doenças genéticas que acometem o tecido conjuntivo. 

Atualmente existem 14 tipos de SED, a mais comum é a SED hipermóvel. Elas têm em comum a hipermobilidade articular, a elasticidade da pele e a fragilidade do tecido. Podem causar diversos sintomas, alguns incapacitantes.

Para aprofundar sobre a Síndromes de Ehlers Danlos, recomendo o livro Transforming Ehlers-Danlos Syndrome. O livro foi escrito pelo Daens e colaboradores. Daens é discípulo do Hamonnet (um dos maiores estudiosos da Síndrome de Ehlers Danlos e por quem tem profunda admiração e respeito). Essa versão é em inglês, a minha é em Francês. Já dizia minha avó: "-Apressado come crú."

Como saber se tenho hipermobilidade?

A Hipermobilidade pode estar presente em uma única articulação ou em uma região do corpo ou nos pés e nas mãos ou no corpo todo. 

Para dizer que tem hipermobilidade no corpo todo, usamos os critérios de BeightonEm que examinamos determinadas articulações e damos um ponto para cada vez que uma articulação ultrapassa o limite angular esperado.  Essa é uma forma limitada de avaliação, mas ajuda para quem não tem muita experiência.
 

Como diagnosticar a hipermobilidade?

Para fazer o diagnóstico de hipermobilidade generalizada, usamos os critérios de Beighton:

Critérios de Beighton

  • Nos adultos é preciso cinco pontos até os 50 anos
  • Após os 50 anos, é necessário apenas quatro pontos.
  • Diferente dos adultos, para ser considerado com hipermobilidade generalizada devemos ter seis pontos para as crianças que ainda não alcançaram a puberdade e só após a puberdade é que utilizamos cinco pontos.

Se a hipermobilidade não é generalizada, é preciso avaliar as demais articulações, ao menos as principais. Para isso o profissional de saúde pode utilizar de recursos como o goniômetro

diagnóstico hipermobilidade goniômetro

Qual o problema de ter hipermobilidade?

Quem tem hipermobilidade pode não ter nenhum problema, mas pode ter
uma constelação de sintomas que variam em quantidade e gravidade. É por esse motivo que é chamado de Transtornos de Espectro de Hipermobilidade. 

Como trato a hipermobilidade?

É  importante reconhecermos a hipermobilidade na infância e adolescência e intervir precocemente, para evitarmos que haja evolução para incapacidade.

Se seu filho já tem sintomas, preciso dizer ser possível reduzi-los e melhorar a qualidade de vida. Pequenos ajustes no estilo de vida podem trazer modificação positiva no quadro atual e prevenir a evolução para a piora clínica.

O acompanhamento é multiprofissional e muitas abordagens são necessárias. O básico do tratamento é o que todos deveríamos fazer: 
  • atividade física regular; 
  • alimenta
    ção saudável; 
  • rotina do sono; 
  • mente sã.

Alguns cuidados extras são necessário para a reabilitação e prevenção de futuros problemas, como o acompanhamento com: 
  • fonoaudiólogo; 
  • fisioterapeuta e/ou educador físico;
  • terapeuta educacional; 
  • psicólogo;
  • nutricionista.
fisioterapeuta terapeuta ocupacional

Se você acha seu filho tem hipermobilidade, recomendo agendar consulta com um profissional qualificado e de sua confiança para avaliação e início dos cuidados preventivos. 

Ainda tenho disponibilidade na agenda, para marcar uma consulta comigo, clique aqui.


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As informações aqui contidas são meramente educativas e não têm a intenção de configurar consulta médica. Em caso de necessidade, procure um profissional de sua confiança. 

Bibliografia e links 

  1. A Framework for the Classification of JointHypermobility and Related Conditions
  2. Measurement Properties of Clinical AssessmentMethods for Classifying Generalized JointHypermobility—A Systematic Review
  3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8390395/


Texto escrito por Dra Kaliny Cristine Trevezani de Souza
CRMDF 20469


Esse texto é meramente educativo e não tem a pretensão de configurar consulta. Em caso de necessidade, agente um atendimento.

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